Meditações Sobre a Filosofia Primeira- René Descartes
887 palavras
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O uso do termo “meditação”, pouco corrente na filosofia, não foi ao acaso: tratava-se de uma introspecção, de narrar o caminho de uma reflexão antes de um conjunto de raciocínios dedutivos. O objetivo dessa reflexão é encontrar fundamentos sólidos ao conhecimento. A primeira etapa consiste em rejeitar tudo o que é duvidoso. A consequência é que tudo será duvidoso com exceção de mim, como sujeito pensante, portanto existente – o famoso “cogito ergo sum” (penso, logo existo). Segue-se a reconstrução do conhecimento com base na certeza e se descobrirá como primeira certeza a nossa própria existência, depois aquela de Deus, as essências e, por fim, as existências. A obra, conduzida na primeira pessoa, divide-se em seis etapas ou meditações, cada qual dedicada ao tratamento de um conjunto específico de problemas. Descartes se interroga sobre a natureza da alma e sua imortalidade, propõe novas demonstrações da existência de Deus e se esforça por determinar a essência comum dos objetos materiais. Todavia, traz à tona novos problemas. Dá amplo espaço ao racionalismo dedutivo, de inspiração matemática, que teorizaram o “Discurso sobre o Método”. Desde as primeiras páginas tem por meta a determinação dos fundamentos sobre os quais deve repousar o edifício dos conhecimentos, em particular dos científicos. O sujeito pensante que empreende o caminho da dúvida cartesiana é levado a descobrir em si mesmo, por suas próprias forças, o fundamento de toda a verdade. Meditação primeira: Das coisas que se pode pôr em dúvida. Trata-se de rejeitar tudo o que é duvidoso. Descartes ressalta que muitas de suas certezas lhe vinham da infância, idade em que a razão ainda está em formação. Descartes exige um conhecimento preciso e não ideias vagas e preconceitos. Por meio de seguidos argumentos estreita o campo do que é cognoscível. A primeira parte dos argumentos é chamada de “dúvida natural”; a segunda parte, “dúvida hiperbólica”, estendida exageradamente a tudo. Meditação