max weber
PÓS
volume 11 | 1 | 2012
‘data’ que constituem o ponto de partida da ciência” (Durkheim2007, 51, grifo do autor). Mais ainda, para Durkheim, é necessá-rio analisar os fenômenos sociais em si mesmos, para além dasconsciências que os indivíduos têm deles; ou seja, é necessáriotratá-los como coisa exterior.A necessidade da exterioridade no tratamento do fato socialtambém perpassa a relação entre o sociólogo e seu objeto. Opesquisador deve livrar-se de seus pressupostos e pré-noções(vulgares, formadas na experiência prática e sem qualquer cri-tério de cientificidade) sobre o objeto, o que significa que aqueleprecisa ter uma relação de exterioridade para com este. ParaDurkheim, essa relação de exterioridade, com o afastamentosistemático de todas as pré-noções, constitui a pré-condiçãobásica para que a relação entre o sujeito pesquisador e o ob- jeto do conhecimento seja estritamente científica. Entretanto,Durkheim reconhece quão problemática é essa busca pela ex-terioridade em Sociologia – se comparada com as outras ciên-cias –, que se dá pela possibilidade de o pesquisador ser afetadoemocionalmente pelo objeto que pesquisa. É pela via afetiva queas pré-noções impregnam o pesquisador com mais força; suascrenças políticas, religiosas e morais são defendidas antes comardor passional que com rigor racional (embora se possam criar– e com bastante frequência – arcabouços racionalizados para justificá-las) e elas influenciam na maneira como se concebeo mundo. Enquanto o objeto e o sujeito estão – ao menos emgrande medida – desligados um do outro nas outras ciências,a Sociologia (assim como em outras Ciências Humanas) possuia particularidade de o sujeito do conhecimento fazer parte, dealguma forma, do seu objeto, o que torna mais perigosa a in-fluência dos afetos na pesquisa sociológica, uma vez que essainfluência é, também, mais possível que nas outras ciências.Para alcançar essa separação entre a afetividade e a análise ra-cional do objeto, Durkheim propõe não