Matemática aplicada
Ele é o pai da moderna ciência da administração. Aos 92 anos, completados há alguns dias, Peter Drucker nunca precisou ser um showman para conquistar a audiência dos mais importantes homens de negócios do mundo. Fala devagar, com um suave sotaque austríaco, e hoje, por causa das limitações que a idade impõe, raramente sai do refúgio em Claremont, na Califórnia. Seu pensamento, no entanto, viaja. Vai até o futuro, embora Drucker o guru dos gurus se negue firmemente a participar de qualquer conversa que tenha tom de profecia. Eu NUNCA faço previsões!, diz ele. É verdade. Sua matéria-prima é a história.
Ao contrário do que acontece com a maioria dos futurólogos da gestão e da economia, as análises de Peter Drucker são de uma precisão extraordinária. Ele foi um dos primeiros senão o primeiro a apontar o surgimento e as implicações da sociedade baseada no conhecimento e a mudança de perfil do trabalhador. Nas páginas a seguir, fica evidente sua clareza em relação à transformação que vem ocorrendo nas empresas, na organização social, na vida de lugares tão distantes da pequena Claremont quanto Tianjin, na China, ou a brasileira Recife. Nos últimos tempos, Drucker tem dedicado atenção especial ao estudo da sociedade do futuro. Entenda-se por futuro o mundo daqui a 20 ou 25 anos. Ele enxerga a inexistência de fronteiras, já que o conhecimento a base da estrutura social se move de maneira ainda mais fluida do que o dinheiro. A mobilidade entre classes sociais será mais freqüente graças ao maior acesso à educação formal. Qualquer um poderá ter os meios de produção para o trabalho. Mas nem todos vencerão. O fracasso continuará a ser um fantasma talvez ainda maior para o mundo capitalista.
Há algumas semanas, EXAME convidou um grupo de nove dos mais importantes empresários e executivos brasileiros para uma entrevista exclusiva com Peter Drucker, cuja essência da obra acaba de ser lançada no Brasil pela editora Nobel. Ao todo, 25 questões foram