maquiavel o principe
Maquiavel não é idealista. É realista. Propõe estudar a sociedade pela análise da verdade efetiva dos fatos humanos, sem perder-se em vãs especulações. O objeto de suas reflexões é a realidade política, pensada em termos de prática humana concreta. Seu maior interesse é o fenômeno do poder formalizado na instituição do Estado, procurando compreender como as organizações políticas se fundam, se desenvolvem, persistem e decaem. Conclui, através do estudo dos antigos e da intimidade com os poderosos da época, que os homens são todos egoísta e ambiciosos, só recuando da prática do mal quando coagidos pela força da lei. Os desejos e as paixões seriam os mesmos em todas as cidades e em todos os povos. Quem observa os fatos do passado pode prever o futuro em qualquer república e usar os métodos aplicados desde a Antigüidade ou, na ausência deles, imaginar novos, de acordo com a semelhança entre as circunstâncias entre o passado e o presente.
Em sua obra de maior expressão, O Príncipe, Maquiavel discorre 26 capítulos de como deve ser e agir o governante ideal, capaz de garantir a soberania e a unidade de um Estado. Em seu segundo capítulo, deixa claro que trata de governos monárquicos - "Não tratarei das repúblicas, pois em outros lugares falei a respeito delas." (O Príncipe, cap. II) - já que suas idéias sobre as repúblicas são expostas em Discorsi sopra la prima deca di Tito Livio.
Para tanto, parte do estudo da Antigüidade, principalmente da história de Roma, buscando qualidades e atitudes comuns aos grandes estadistas de todos os tempos. Busca também o conhecimento dessas qualidades ideais nos grandes potentados de sua época, como o impiedoso César Bórgia, modelo vivo para a criação de seu ideal de " príncipe" . O Príncipe foi escrito devido ao desejo de Maquiavel de retornar à vida pública, caindo na graça dos Médicis, que haviam retornado ao poder.