Maquiavel - Pensamento
Para se entender o pensamento maquiaveliano, é importante saber sua trajetória na história. Ao escrever “O Príncipe”, o contexto político da Península Itálica passava por uma constante instabilidade, tendo em mente as inúmeras disputas políticas pelo controle e manutenção das terras das cidades e estados. Maquiavel ingressou na carreira diplomática quando Florença vivia uma República após a destituição dos Médici do poder, época em que foi exilado e se dedicou na produção da obra.
Outro fato igualmente importante era o fato de que a ideologia da Europa, ao fim da idade média, retomava a visão antropocêntrica do mundo, o que permitiu o surgimento de uma nova ideia política, ou seja, a retomada do humanismo iria propor na política a “liberdade republicana contra o poder teológico-político de papas e imperadores, implicando na construção de um diálogo político entre uma burguesia desejando o poder e uma realeza detendo a coroa. Portanto, Maquiavel assistia em seu tempo um maior questionamento do poder absoluto dos reis ou de alguma dinastia, uma vez que a elite burguesa com seus próprios interesses e ideias de liberdade individual crescia.
Essa interpretação maquiaveliana da política foi que permitiu surgir ideia de que “os fins justificam os meios”, embora não se possa atribuir literalmente essa frase a Maquiavel. Além disso, fez surgir a ideia de que Maquiavel seria alguém sem escrúpulo, dando origem à expressão “maquiavélico” para designar algo ou alguém desleal, calculista e frio, o que não se aplica a Maquiavel, que sempre defendeu a ética na política.
Outro fato é que Maquiavel não foi um pensador sistemático. Ele utiliza o empirismo para escrever através de um método indutivo e pensa em seus escritos como conselhos práticos, sendo além disso antiutópico e realista. A teoria não se separa da prática em Maquiavel. Os conceitos desenvolvidos por ele rompem com a tradição medieval teológica e também com a prática,