Manaus e suas origens
Construída em 1669, a Fortaleza de São José do Rio Negro é a concretização da necessidade lusitana de garantir o controle estratégico da boca do Rio Negro para evitar o acesso dos jesuítas espanhóis e dos indígenas hostis, aliados dos holandeses da Guiana. Em torno do Forte, logo se fixaram numerosos indígenas das tribos Manáo, Baré, Baniba e Passé, que ajudaram na construção da fortificação por influência dos catequistas portugueses. Nasce, assim, o Lugar da Barra.
Com a criação da Capitania de São José do Rio Negro, em 1735, a localização estratégica do Lugar da Barra garante-lhe status de sede da Capitania.
Em 1832, contando com poucas ruas, pontilhadas de casas de palha, o Lugar da Barra passa à categoria de Vila sob a denominação de Manaus – nome que manteria até 1848, quando veio a chamar-se Cidade da Barra do Rio Negro. Só em 1856, depois da criação da Província do Amazonas, recebeu a designação definitiva de Cidade de Manaus quando já contava com cerca de 4 mil habitantes.
Esse núcleo inicial, embrião da cidade de Manaus – o Lugar da Barra – pode ser tomado como um marco histórico também por possibilitar a análise que desnuda a lógica da organização e apropriação do espaço na Amazônia, como correias de um processo aniquilador de conquista e colonização, transformando-a espacialmente e às suas populações, seus recursos, suas culturas, para convertê-los em patrimônio europeu.
Conforme a cidade de Manaus crescia e espraiava-se sobre novos terrenos, outros igarapés iam-se incorporando ao mapa do perímetro urbano, sendo ocultados ou simplesmente engolidos por ele. E, ao mesmo tempo em que representavam sérios desafios administrativos, porque obrigavam a gastos adicionais como a construção de pontes para ligar os bairros ou a mobilização de grande quantidade de terra para aterro, constituíam concorridas áreas de lazer familiar e meio de provimento de atividades domésticas para vários extratos da população, desprovidos dos