Maias
Num livro com pouco mais de 700 páginas, encontra-se retratada a história de 2 gerações centrais da família Maia com uma escrita artística, paixão, espírito crítico e cepticismo concentrados e de alta qualidade. A escrita é rica em figuras de estilo e de descrições infalíveis protagonizadas pelo autor, Eça de Queirós. No passado dia 3 de Abril, a nossa turma realizou uma visita de estudo a Sintra no âmbito do estudo da obra “Os Maias”, mais precisamente, do estudo do capítulo VIII, onde é retratado um episódio da vida romântica deste livro. Esse episódio é uma ida a Sintra por amor e é muito especial porque é onde estão visivelmente expostos os dotes do autor e o poder de descrição do mesmo. Tentarei ao longo desta crónica descrever essa visita, mas será que conseguirei ser capaz de alcançar os calcanhares do Eça? Duvido, mas não é impossível. Antes da ida a Sintra, fomos à praia do Guincho, em Cascais, no âmbito da disciplina de Biologia e Geologia e já neste fase inicial da visita, o contraste entre o que se vive na cidade e o que se vive nos arredores, é arrebatador. Quando chegámos a Sintra, tornou-se colossal. Consegui entrar na visão do Eça e experimentar esta diferença como ele o fez, sendo nos dias de hoje, essa diferença, muito maior. Sair do ambiente dos prédios, dos arranha-céus, do trânsito e da tensão e entrar no mundo rural, belo, místico, e encantador de Sintra. Sintra tem a marca do homem em ruas simples e rústicas naquela zona florestal, mas também tem o belo palácio da Pena e o castelo dos Mouros que protagonizam um papel soberbo nas descrições do Eça em certos momentos, como constatei quando estive no Palácio de Seteais em frente à paisagem que segurava o outro palácio mágico de Sintra e ouvi a leitura de uma passagem do capítulo, que descrevia esta mesma imagem que se assemelhava a uma pintura a óleo. Entrei em dimensões diferentes neste e noutro momento descritivo e de admiração de uma paisagem. A paisagem que se