Maelstron II
MAELSTROM II
Ele não era o primeiro homem, disse Cliff Leyland a si mesmo com amargura, a saber exatamente em que segundo e de que maneira precisa ia morrer. Milhões de vezes, criminosos condenados haviam aguardado o seu derradeiro amanhecer. E contudo, até o último instante eles puderam esperar uma suspensão da pena; os juizes humanos mostram clemência às vezes. Mas contra as leis da natureza não há apelação.
É apenas seis horas antes ele assobiava muito feliz, arrumando os seus dez quilos de bagagem pessoal para o longo regresso à Terra! Ainda se lembrava (mesmo agora, depois de tudo o que acontecera) do seu sonho em que já tinha Myra nos braços e ia levar Brian e Sue naquela prometida excursão Nilo abaixo. Dentro de poucos minutos, quando a Terra despontasse acima do horizonte, poderia rever o Nilo; mas só a memória lhe colocaria diante dos olhos os rostos da mulher e dos filhos. E tudo isso porque quisera economizar novecentos e cinqüenta dólares esterlinos voltando na catapulta de carga, em vez de no foguete de linha...
Cliff já esperava que os primeiros vinte segundos de viagem seriam duros de agüentar, quando o projetor elétrico lançava a cápsula na pista de dez milhas que a arremessava para fora da Lua. Mesmo com a proteção do banho de água em que ficaria flutuando durante a contagem regressiva, ele não contara com as vinte gravidades da partida. E no entanto, apesar da tremenda aceleração, Cliff mal tivera consciência das imensas forças que agiam sobre ele. O único som era um débil ranger das paredes metálicas; para quem quer que houvesse experimentado o trovão de um lançamento de foguete, o silêncio era fantástico. Quando o locutor da cabina anunciou: "H mais cinco segundos; velocidade, três mil e duzentos quilômetros por hora", ele mal pôde acreditar que isso fosse verdade.
Três mil e duzentos quilômetros por hora, cinco segundos depois da largada – ainda com sete segundos pela frente e os geradores acumulando uma