MACHADO DE ASSIS
Um dos primeiros críticos sul-rio-grandenses a se dedicar ao estudo da obra de Machado de Assis foi Augusto Meyer, embora não tenha sido o primeiro, pois foi precedido pelo gaúcho Alcides Maya, que publicou o ensaio “Notas sobre o humor” poucos anos após a morte do romancista. Meyer publica a primeira edição de Machado de Assis em 1935, e em 1952 publica sua segunda edição, confessando em seu prefácio que “Machado então me fascinava e irritava a um só tempo”, porém, o autor confessa que acabou capitulando ao fascínio, indicando a mudança de rumo que posteriormente seria assumida pela crítica. Embora essa obra tenha sido publicada pela primeira vez a quase oitenta anos mantém-se sua atualidade, sendo que um dos motivos é a escolha do formato de exposição adotado pelo crítico, que procura formular suas impressões, através das sugestões provocadas por sua própria leitura, não se atendo a nenhum modelo de análise.
Ao falar na indecifrável Flora, Meyer salienta ser um excelente assunto de análise, justamente por não percorrer a via fácil dos temas e obras que frequentemente são visitadas pela fortuna crítica dedicada a Machado de Assis. Por ser uma das figuras mais vagas de sua obra e justamente por isso, não deixa de ter uma alta representatividade. “Foi desenhada a esfuminho, sem caprichos demorados no traço, transparece um halo de vaguidade, mas pela posição central ganha relevo de um símbolo.” (2005, p. 32), para o crítico, a hesitação de Flora, reflete diretamente o pensamento de Machado, “(...) Sua razão de ser é a dúvida que vem de uma neutralização por excesso de clarividência.” (2005, p. 32), portanto, a personagem com as penumbras da incerteza, desencantada e sem forças para se decidir é o mito da hesitação, pois decidida a viver na plenitude, não sabe aceitar o meio termo que a realidade oferece, a escolha entre Pedro e Paulo, seria a negação de todas as qualidades inerentes ao irmão preterido, seu ideal, seria a síntese