Machado de Assis

PRIMEIRA PARTE

Autor caramujo: Machado é tachado como “autor caramujo”, pois tece suas críticas acerca da escravidão de forma implícita, evitando problemas para si numa época em que a sociedade era, em sua maioria, escravocrata. Como não era tão incisivo como os demais autores, parecia estar negligenciando essa questão. Uma vez que era neto de escravos e mulato, essa suposta negligência foi alvo de fortes críticas. “Nos escritos De Machado, não se vêem em nenhum momento palavras de apoio, mesmo que implícitas ou subentendidas, a escravidão. Nem se encontram os estereótipos recorrentes cujo foco é a desumanização dos afrodescendentes. Todavia, a forma dissimulada, homeopática, com que vai introduzindo a questão étnica e a critica ao escravismo foi vista como absenteísmo e denegação de suas origens.”
Entretanto, Machado era muito ativo nas questões abolicionistas. Isso se comprova pelo fato de ele fazer parte do Ministério da Agricultura, fiscalizando o funcionamento da lei do Ventre Livre, além de ser acionista da “Gazeta de Notícias”, “jornal cujas posições eram francamente contrárias a escravatura”. Além disso, Machado era tão engajado na questão da escravidão, que antes mesmo de ocorrer a abolição, ele já demonstrava preocupação com a inclusão dos ex-escravos, mostrando ser um homem a frente de seu tempo. “Machado ironiza a ação de fazendeiros que saíam a cata dos fugidos ou recém libertos a fim de contrata-los como assalariados. Assim, dois dias antes da assinatura da lei, o autor coloca em evidencia o quanto havia de irreversível na nova situação, ao mesmo em que já demonstra suas peocupações com a situação de abandono a que estavam relegados os negro: sem os direitos inerentes a cidadania, e sem uma legislação trabalhista que os protegesse.” Também se preocupava com a idéia de uma possível guerra civil entre escravistas e abolicionistas.
Como o próprio Machado cita, ao se referir ao dia da abolição: “Sim, também eu saí à rua, eu, o mais encolhido