Luz nas trevas, um emaranhado de interpretações
Moderno, transgressor e com um certo tom de homenagem, o longa metragem Luz nas Trevas entrou em cartaz em maio deste ano no circuito comercial, depois de ser exibido em muitos festivais nacionais e internacionais desde que fora produzido.
O tom de homenagem se dá ao fato do roteiro ter sido escrito pelo renomado cineasta brasileiro Rogério Sganzerla, na década de 90, que faleceu antes que pudesse ver seu projeto concluído. Então, em um ambiente familiar, o filme agora é lançado com a direção de sua esposa, Helena Ignez, ao lado do diretor Ícaro Martins.
O trabalho de Sganzerla ficou muito conhecido na década de 60, quando produziu inúmeros filmes, todos ligados à estética do cinema marginal da época, dentre eles, O Bandido da Luz Vermelha, lançado em 1968, marco no Brasil, cujas características e estilo foram ressuscitados pelo atual Luz nas Trevas.
De um modo mais especial do que uma simples continuação, o filme traz a trajetória do bandido Luz, interpretado por Ney Matogrosso, 35 anos depois do primeiro longa. O anti-herói, agora aparece numa prisão de segurança máxima, na qual viveu todo esse tempo, e com características muito peculiares para um bandido, transformando-o em um personagem bastante ficcional.
Além de ter o mesmo personagem principal, Luz nas Trevas traz de O Bandido da Luz Vermelha, a mesma irreverência cinematográfica, com uma enxurrada de informações, personagens cartunescos, uma trilha sonora inventiva, sintomas de protesto, sátira e quebra de alguns convencionalismos narrativos e estéticos.
Mesmo com um estudo de roteiro que vem da década de 90, uma das características mais importantes do filme, é o seu comportamento atemporal, ou seja, o longa se mostra tão ou mais atual que uma obra que fosse escrita este ano, e expõe claramente as mazelas da sociedade, assim como o poder de transformação do brasileiro, bem retratado na nova personalidade do fora-da-lei interpretado por Ney