livro resumos
Posted by: Vilto Reis , fevereiro 22, 2013
Comecei a ler Milton Hatoum com um pé atrás, coisa corriqueira em nós leitores brasileiros, tão desconfiados daquilo que é nosso, nossa literatura; e envergonhado, fui me surpreendendo ao virar cada página do livro. Mas falemos da história.
O livro é um emaranhado de narradores, um novo a cada capítulo, numa reconstrução de memórias. No entanto, estes narradores reconstroem uma Manaus desconhecida da maioria dos brasileiros. Quando penso na capital amazônica me vem à mente os clichês de histórias na selva, mas Hatoum quebra isso, apresentando uma cidade provinciana, mas cosmopolita. A princípio, nada fica muito claro, sabe-se apenas de uma mulher que retorna ao centro da família em que foi criada, após vinte anos. Então o relato vem vindo de cada um destes familiares, como que relembrando os fatos a esta recém-chegada. E os fortes personagens de Hatoum vão se revelando, a matriarca Emilie; o filho mais velho, único a aprender árabe; os outros dois, que não aceitam a irmã; o calado marido de Emilie, adepto dos Islamismo; além da menina surda-muda Soraya Ângela; entre outros. A sensação que vai se contruindo é de algo que se escapa, uma estranha nostalgia. O personagem que mais me intrigou na história foi o marido de Emilie; sempre calado, administrando a Parisiense, loja da família. Entre ele e a esposa há a tensão religiosa, afinal ele é islâmico e ela católica, mas este conflito torna-se leve na forma como é narrado. Num trecho interessante, um dos narradores, Dorner, amigo da família, descreve sua relação com o pai da família.
“Foi difícil arrancá-lo do mutismo, pois sempre fora fiel a uma vida reclusa, até mesmo nas reuniões noturnas com os patrícios e vizinhos lá no pátio dos fundos, onde todos tagarelavam, enquanto teu pai, absorto, talvez pensasse na imensa infelicidade dos não conseguem ficar sozinhos”.
Nos últimos tempos, estou mais atento ao poder da