PROBLEMAS E PROBLEMATIZAÇÕES Demétrio Delizoicov 1. Introdução É consenso entre professores de física, tanto do ensino universitário como do médio, a importância que a atividade de resolução de problemas representa para o processo de aprendizagem. Parte considerável do planejamento e execução das nossas aulas a ela é destinada. Do mesmo modo, a orientação básica fornecida para que o aluno se aproprie do conhecimento que está sendo abordado no particular tópico ensinado resume-se, na maioria das vezes, à resolução de uma lista de problemas e exercícios, quer especialmente preparada, quer simplesmente retirada do livro texto adotado. Este é, sem dúvida, um dos sentidos dos termos problema e problematização. Talvez o que tenha maior relevância para o planejamento do processo de formação dos nossos estudantes, se considerarmos, como Thomas Kuhn (1975), que o conteúdo cognitivo das formulações contidas nos conceitos, modelos, leis e teorias da Física é convenientemente contextualizado, exemplificado e passível de ser apropriado na medida em que o aprendiz se envolva e se dedique à solução de problemas. Na argumentação de Kuhn o aluno após sua apropriação (obviamente se ocorrer) da solução de um problema exemplar (Kuhn, posfácio,1975) a utiliza como padrão para resolver outros problemas similares. Embora Kuhn esteja, com esta compreensão, se referindo mais especificamente à formação de cientistas, é possível empregá-la também para uma população de estudantes mais abrangente, que incluí, além dos alunos universitários, os do ensino médio, conforme tem sido apontado em alguns trabalhos (Zylbersztajn, 1991, 1998; Delizoicov, 1991, 1996). Concorde-se, ou não, com a interpretação de Thomas Kuhn, o fato a ser destacado é a importância que atribuímos, e o tempo relativamente grande que dedicamos nos nossos cursos, à solução de problemas. Outro capítulo deste livro aborda aspectos relevantes relativos ao papel que ela representa no processo de ensino-aprendizagem da Física. No