LER DORT
A dor relacionada ao trabalho é descrita desde a Antiguidade, mas o registro clássico sobre a descrição de vários ofícios e danos à saúde a eles relacionados está contido na publicação de Bernardo Ramazzini (1730). O autor destaca as afecções dolorosas decorrentes dos movimentos repetitivos da mão realizados pelos escribas e notários, cuja função era registrar manualmente os pensamentos e desejos de príncipes e senhores, com atenção para não errar.
Com a Revolução Industrial, esses quadros clínicos, eram caracterizados claramente pelo grande esforço e horas de trabalho que os funcionários deviam cumprir, tornando-se mais numerosos.
Hoje essas expressões de desgaste de estruturas do sistema músculo–esquelético atingem vários profissionais e têm várias denominações, entre elas temos Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Essas síndromes têm sido explicadas por transformações do trabalho e das empresas, cuja organização tem metas e produtividade, considerando suas necessidades, particularmente de qualidade dos produtos e serviços e o aumento da competitividade de mercado, sem levar em conta os trabalhadores e seus limites físicos e psicossociais.
Os trabalhadores precisam se adequar às características organizacionais das empresas, com a intensificação do trabalho, aumento das jornadas, prescrição rígida de procedimentos, impossibilitando manifestações de criatividade e flexibilidade.
Às exigências psicossociais não compatíveis com características humanas, nas áreas operacionais e executivas adiciona-se o aspecto físico-motor, com alta demanda de movimentos repetitivos, ausência e impossibilidade de pausas espontâneas, necessidade de permanência em determinadas posições por tempo prolongado, atenção para não errar e submissão a monitoramento de cada etapa dos procedimentos, além de mobiliário, equipamentos e instrumentos que não propiciam conforto.