LEMBRANÇAS ENCOBRIDORAS
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FREUD, S. Lembranças Encobridoras In Freud, S Primeiras Publicações Psicanalíticas (1893 – 1899) RJ: Imago, 2006 V. III [p.287 - 304].Palavras Chave:
Imagem mnêmica; lembrança; memoria.
Resenha:
Toda lembrança infantil gera traços mnêmicos que apresentam grande intensidade e dinamismo. Isso porque o aparelho psíquico da criança não teria ainda critérios para lidar com afetos intensos, ou não conseguiria ab-reagí-los de maneira adequada. Essa intensa mobilização de afeto ocorrido nas experiências infantis é a principal fonte patogênica nas doenças mentais.
Lembranças encobridoras são recordações cujo conteúdo manifesto parece, normalmente, banal, mas cujo o conteúdo traz detalhes, sensações precisos e intensos que parecem quase alucinatórios. Assim sendo, sob o manto de um evento aparentemente banal parece haver outros fatos das vida psíquica, anteriores ou posteriores, significativos e que encontram nessa memória o substrato para se manifestarem sob a forma de símbolos.
A questão colocada por Freud é, então: por que nos recordamos de algo aparentemente irrelevante? Há duas forças psíquicas atuando neste processo: uma que confere a um fato, ato ou sentimento significado e importância e outra que é uma resistência à recordação. A lembrança encobridora seria, portanto, um rastro para se encontrar outras experiências conexas.
A resistência ocorre pela existência de um conflito e de uma ideia censurável (ideia objetável). O conflito está na essência da ambivalência humana. Quando há conflito, portanto, uma ideia censurável pode ser associativamente deslocada, emergindo sob a forma de uma outra lembrança (ou de um sonho ou de um ato falho). O psiquismo realiza, portanto, um processo de conciliação ou compromisso. A lembrança (sonho ou ato falho) seria o vetor resultante de duas forças.
No processo de análise, constrói-se uma narrativa capaz de retomar um caminho associativo que dê sentido à lembrança encobridora, que faça o analisando e o analista, juntos,