Leibniz - cometário
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“(...) segue [da noção de substância individual] que toda alma é como um mundo à parte, independente de qualquer coisa com exceção de Deus; que a alma é não só imortal e, por assim dizer, imperecível, mas que guarda em sua substância vestígios de tudo o que lhe acontece. Segue-se também a explicação do comércio das substâncias e, particularmente, a união da alma e do corpo.”Leibniz- esboço de uma carta a Arnauld, 1686
A fim de realizar uma exposição que possa esclarecer convenientemente a citação acima, creio ser imprescindível empreender, na medida em que meu entendimento permita, uma exposição mais detida acerca da noção de substância individual à luz do sistema leibniziano.
Leibniz expressamente apresenta na sessão XIV do Discurso de Metafísica o que talvez poderíamos olhar como uma possível explicação para a proposição segundo a qual toda substância individual exprime à sua maneira todo o universo de que faz parte. Essa passagem nos mostra que, caso Deus considere conveniente realizar seu pensamento, cada substância individual ou ser completo irá resultar de uma visão peculiar que Deus teve do universo que razoavelmente escolheu criar, tornando-se cada uma delas um ser que expressa de um ponto de vista singular a totalidade de que faz parte, ou seja, cada substância individual existente expressa de um modo único todo o sistema geral dos fenômenos que Deus realizou segundo sua vontade presuntiva.
Contudo, a fim de dar uma razão que satisfaça suficientemente a dificuldade que estamos examinando para, então, podermos abordar por meio de bases mais sólidas aquilo que se segue da noção de substância individual, poderíamos pensar ainda que o propósito de Leibniz ao sugerir aquela proposição, a saber, que toda substância individual exprime todo o universo à sua maneira, é o de preservar o estatuto ontológico das criaturas a fim de não incorrer numa substância única, no que, aliás, a filosofia de Espinoza resultou. Assim, ou seja, ao preservar a definição