Laranja mecanica
Com o figurino nas mãos de Milena Canonero (vencedora de 3 Oscar) somos apresentados a uma película cheia de dualidades. Laranja Mecânica é um filme extremamente complexo de se analisar. Primeiro, o filme é feito em cima de muitas contradições (ex; Ao mesmo tempo, jovens se drogam e bebem leite). E isso é refletido, não só na personalidade de Alex, cenários e cores, mas também nas roupas dos personagens.
Analisando a vestimentas usadas nas primeiras cenas, onde a gangue de Alex vestia-se de branco, preto e camisas com manchas vermelhas (no colarinho, manga e suspensório) insinuando sangue de suas ‘’vitimas’’. Não tem como não reparar nas cuecas usadas por cima das calças, que continha enchimento para, supostamente, aumentar seus órgãos genitais; simbolizando a sexualidade explícita.
As roupas são, de certa forma, futuristas. Porém, foram inspiradas no pré punk, na estética do fim dos anos 60, no início dos anos 70 e na cultura do pop art. Já que falamos do pop art – movimento artístico que usava do colorido para ironizar a vida materialista* – , falemos sobre as cores marcantes que não ficam apenas no vestuário, mas também nos cenários, aparecendo desde o inicio até o fim do filme, com um intuito semelhante ao do pop art; ironizar. Não podemos nos esquecer também das formas geométricas, que começavam a surgir.
O diretor Stanley Kubrick e Milena fizeram um trabalho extremamente cuidadoso, conseguindo nos transmitir a atmosfera das contradições e da juventude transviada.
Uma citação da figurinista: “Ao longo da história, a moda tem influenciado o cinema. Mas hoje em dia a moda está muito presente. Então a moda influencia o cinema também, e é uma troca contínua. Como Stanley costumava dizer, você pode pegar sua experiência de qualquer tipo e fonte, e moda pode ser uma dessas fontes, mesmo que seja um filme de época. E você não pode esquecer que está fazendo um filme de época, portanto, ele precisa ser crível”.
OBS: EM