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• O adjectivo

- A adjectivação pode ser dupla ou até mesmo tripla, sem que os adjectivos apareçam necessariamente todos seguidos (ex.: “...os seus lindos dentes miudinhos...”; “Dâmaso era interminável, torrencial, inundante a falar das suas conquistas...”; "Uma gente feíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!...").

- A adjectivação dupla une, por vezes, o objectivo e o subjectivo ou, se quisermos, uma visão concreta e outra emocional (ex.: “...uma enorme coruja empalhada fixava no leito do amor [...] os seus dois olhos redondos e agoirentos...”).

- A sucessão de adjectivos com a mesma terminação cria, por vezes, um efeito cómico e depreciativo (ex.: “...a viscondessa da Gafanha, uma carcaça esgalgada, caiada, rebocada, gasta por todos os homens...”).

• O advérbio

- A adverbiação, tal como a adjectivação, pode ser dupla ou tripla (“Tranquilizou-se, vendo-a rir simplesmente e limpidamente.”; “...ambos insensivelmente, irresistivelmente, fatalmente, marchando um para o outro...”).

- O uso do advérbio parece algumas vezes ligado à ironia: (ex.: “O Eusebiozinho foi então preciosamente colocado ao lado da titi...”).

- Pode ser usado igualmente para produzir um efeito de superlativação (ex.: “Oh! Que admiravelmente observado!”).

• O verbo

- A escolha de um verbo mais sugestivo pode ser decisiva na expressividade do texto. Eça é particularmente cuidadoso na selecção dos verbos que utiliza, procurando ser original, o que o leva até à criação de novos verbos, como o verbo “gouvarinhar” (formado a partir do nome Gouvarinho).

- São igualmente frequentes verbos formados a partir de adjectivos de cor ou que animizam o espaço descrito e transmitem sensações visuais:

«...negrejava, no brilho do sol, um magote apertado de gente.»
«...onde uma pouca de água [...] se esverdinhava sob a sombra daquela ramaria profusa.»
«A espaços [...] branquejava um grande pé de margaridas...»
«...os longes da outra banda já se iam afogando num