katasi
375 palavras
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AMEM SENHOR“Bilu e João”Direção de Kátia Lund
Um casal de irmãos interpretados por Vera Fernandes e Francisco Anawake sobrevive de catar papelão, latinhas de alumínio e metal nas ruas de São Paulo. Apesar de fictícia, o filme poderia ser confundido com um documentário, pela forma como a realidade é retratada.
Com planos bem abertos a diretora mostra a cidade de São Paulo, o concreto, as grandes avenidas, os arranha-céus, dando ênfase a toda falta de individualidade e generalização característica de uma metrópole com cerca de 12 milhões de habitantes.
O realismo mostra um quadro da pobreza urbana de uma favela, espremida por grandes viadutos e avenidas largas, congestionamentos de veículos e de pessoas. Em uma situação de exploração do trabalho infantil, que começa com o próprio pai, várias situações de pequenas explorações são mostradas no decorrer do filme.
As relações comerciais ultrapassam as relações afetivas. Inclusive por parte das crianças que assimilam essas relações e passam a agir da mesma maneira. Uma das cenas que demonstra de maneira clara esta relação é quando constroem um joguinho de futebol com pregos e uma moeda e passam a comercializar a diversão alheia.
A cena mais marcante do filme, porém fica mesmo no seu final que mostra a favela em primeiro plano e os arranha-céus de vidro, da cidade mercantilista, do sistema onde impera o capital, contrastando com a miséria. O mais interessante é que as crianças estão vendendo latinhas e papelão para que o pai possa comprar tijolos. Fica aí a metáfora da “construção” da própria vida.
Esteticamente o filme apresenta na maioria das cenas uma grande poluição visual e sonora, em algumas delas dificultando inclusive o entendimento dos diálogos entre os personagens, também característica marcante de uma estética contra os padrões de beleza, pureza e satisfação defendida pela corrente clássica. Não há tão pouco nenhuma relação com a proporção, simetria e ordem, conceitos de Aristóteles para definir a