Karl Marx
Marx –e, por extensão, do marxismo. Conseqüentes, os opositores do pensador de
Tréveris anunciaram com veemência e confirmaram até ao cansaço sua morte e, junto com ele, o desaparecimento de todo o seu legado doutrinário. Não devemos retirar-lhes qualquer mérito nisto que a toda prova apresenta-se como uma empreitada titânica: dar a última e emocionada despedida a um autor que continua dando assistencia ao trabalho de estudantes e pesquisadores, que pinta consignas por um mundo mais justo nas bandeiras e nos cartazes de militantes e ativistas, que aparece como interlocutor nas polemicas discursivas assim como nas misérias cotidianas dos homens e mulheres concretos, não pode ter resultado uma tarefa simples. Até aqui, nosso reconhecimento para com eles, os adversários.
No entanto, também existe outra possibilidade. Talvez aqueles que adotem a opção anterior só estejam incorrendo no erro de fazer do vício uma virtude.
Expressemos melhor do seguinte modo: a perseverança seria apenas um eufemismo para ocultar uma profunda obstinação; a tarefa ciclópea daria conta de uma energia
8desmedida esbanjada em um trabalho absolutamente inútil; e, finalmente, a durabilidade no tempo encobriria disputas não saldadas e uma inflamada e cega resistência própria de quem prefere morrer na obstinação a aceitar algum reflexo de razão e veracidade nos argumentos do opositor. Marx poderia assinar as palavras atribuídas a Mark Twain e sustentar que os rumores sobre sua morte foram exagerados. Desta forma, tal exagero não foi ingênuo nem ocioso. Justamente o contrário, quem se perguntar como conseguiram os escritores do obituário do marxismo persistir em seus diagnósticos sem chegarem a duvidar de seus próprios discernimentos diante de cada novo