Julio Cort Zar
1) significação — o conto, como a fotografia, “recorta um fragmento da realidade”, devendo, portanto, ser “significativo”, ou seja, ser capaz de uma “abertura” que projete a inteligência e a sensibilidade do leitor para além da história narrada. No cinema e no romance, a captação da realidade “mais ampla e multiforme é alcançada mediante o desenvolvimento de elementos parciais, acumulativos”;
2) tensão e intensidade — o conto “parte da noção de limite e, em primeiro lugar, de limite físico, de tal modo que, na França, quando um conto ultrapassa as vinte páginas, toma já o nome de nouvelle”. O conto, assim, deve conter, compactar as situações, uma vez que os desenvolvimentos narrativos cabem mais à novela e, como foi dito, ao romance. Deve ser uma “máquina de gerar interesse”, ou seja, ter a capacidade de prender a atenção do leitor;
3) capacidade de desprender-se do autor — o conto deve ser alheio ao escritor enquanto “demiurgo”. O leitor do conto deve ter a sensação de que “de certo modo está lendo algo que nasceu por si mesmo, em si mesmo e até de si mesmo, em todo caso com a mediação mas jamais com a presença manifesta do demiurgo”. A narrativa deve se desprender do autor “como uma bolha de sabão do pito de gesso”. A