Jesus cristo: superpoeta e socialista utópico

Jesus Cristo: Superpoeta e Socialista Utópico

Como se conhece Jesus? Como Buda e Sócrates, Jesus não deixou nada escrito. Tudo que se sabe dele nos chegou através de coletâneas de textos conhecidos pelo nome grego de “Evangelhos”, literalmente, “boa mensagem”, palavra que, claro, Jesus nunca conheceu.
Seu nascimento e primeiros anos foram cercados por relatos evangélicos de todo o tipo de lendas das mil e uma noites, apreciadas no Oriente. Sobre ele, um dia, haverá lendas, como a de que nasceu de uma virgem, um dos arquétipos religiosos da humanidade, encontradiço nos mitos do nascimento de Buda, do rei persa Ciro ou do deus maior dos astecas.
Não resta, porém, a menor dúvida de que, por trás dos ditos e feitos dessa natureza, existiu uma pessoa real, de carne e osso, que mudou o mundo como poucos. Sua vida e doutrina provocaram impacto tão intenso que, hoje, ainda, vibra e inspira.
Isso porque Jesus conseguiu algo raríssimo na história da humanidade: A tomada do poder pelas classes oprimidas. Sua doutrina tomou o poder no Império Romano sem disparar uma flecha nem levantar uma espada.
Dizia ele que felizes são os pobres, porque deles é o reino. Devemos prestar aqui um momento de atenção na palavra “reino”, vocábulo político, com implicações de poder, autoridade e mando. O Reino de Deus era a restauração da autonomia do povo hebreu, a conquista de Roma e depois de mais uma bela porção deste mundo pelo cristianismo.
Há uma rima entre a condição escrava dos hebreus no Egito dos faraós, donde Moisés os tirou, e o status do cristianismo nascente, religião de escravos no Império Romano.
Nessa tradução do material para o ideológico, Jesus forneceu um padrão utópico para todos os séculos por vir. As duas grandes revoluções, a Francesa e a Russa, estão carregadas de traços messiânicos de extração evangélica. A revolução é o apocalipse, o Juízo Final de uma ordem e de uma classe social: o cristianismo primitivo cresceu à sombra da expectativa da segunda