Jean chalaby - o jornalismo como invenção anglo-americana
Comparação entre o desenvolvimento do jornalismo francês e anglo-americano (1830-1920)
Jean Chalaby
The London School of Economics and Political Science
Resumo:
Este artigo defende que o jornalismo é uma invenção anglo-americana.
A ideia é desenvolvida com base na comparação da evolução do jornalismo francês e jornalismo anglo-americano entre 1830 e 1920.
Defende-se que os jornalistas americanos e britânicos inventaram a concepção moderna de notícia, que os jornais anglo-americanos contêm mais notícias e informação que quaisquer outros jornais franceses contemporâneos e que organizaram melhores serviços de recolha de informação. Argumenta-se igualmente que a invenção e o desenvolvimento de práticas discursivas próprias, tais como a reportagem e a entrevista, se devem a jornalistas americanos. Os jornalistas franceses, como os de muitos outros países, importaram e adaptaram, progressivamente, os métodos do jornalismo anglo-americano. Este artigo tenta, também, sublinhar os factores culturais, políticos, económicos, linguísticos e internacionais que favoreceram a emergência do jornalismo na Inglaterra e nos Estados Unidos.
Palavras-chave:
Jornalismo anglo-americano; Jornalismo; Notícias factuais; Práticas discursivas; França.
Introdução
Os historiadores assumem, em geral, que o jornalismo foi inventado quando surgiram os primeiros jornais na Europa durante o século XVII. Um dos mais ferverosos proponentes desta tese é Mitchell Stephens, que defende que o jornalismo foi inventado nas gazetas semanais venezianas da segunda metade do século XVI (Stephens, 1988: 156-7). Contrariamente a esta opinião, defendi várias vezes que o jornalismo é uma invenção do século XIX. A profissão de jornalista e o discurso jornalístico é produto da emergência, durante este
* Publicado no European Journal of Communication, Vol. II, n.º 3, 1996. Traduzido e republicado em
M&J com a permissão do autor.
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