Irrecicláveis Contemporâneos
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Irrecicláveis ContemporâneosUns dizem que a vida é um processo de maturação do espírito, outros dizem ser apenas parte de um ciclo, e tantos outros não a sabem definir. Uma certeza temos: que ela é feita de nascer, crescer e morrer; e que no decorrer dela crescemos, aprendemos, vivemos e envelhecemos. Envelhecer é estar cada vez mais perto do fim do túnel (ou do começo de um outro, com uma tal luz branca); mas envelhecer é também ter o privilégio de ter vivido, e a responsabilidade de deixar um legado.
O processo de crescimento é concomitante ao desenvolvimento, o qual necessita de um senador, a fim de formar-se a cada geração uma sociedade melhor. A cúria romana, as tribos indígenas e seus caciques, as sociedades orientais. Todos em comum a sabedoria de gozar da vivência e experiência de seus idosos para semear seu povo e deixar a eles o maior legado possível.
Esse legado se perdeu em alguma parte da história e a velhice se tornou a mais indesejada das obviedades humanas. O medo de envelhecer faz a sociedade contemporânea gastar fortunas em cremes e plásticas que apagam sua história; e a transforma em algo supérfluo que refuta seu passado e tem medo de seu presente. Esse pensamento vem coisificando o ser humano e o transformando em algo que ora é útil, ora não.
Temos medo de envelhecer, pois temos medo de sermos descartados, sermos não mais úteis. Mas... Não herdamos o pensamento da cúria, dos indígenas e dos orientais? Infelizmente herdamos do Tio Sam e companhia o pensamento de que o novo é necessário, útil; e o velho deve ser descartado. Desse modo, com o passar do tempo a imagem de A persistência da memória, de Dalí, vai tomando conta de nós mesmos. O tempo passa e um vazio vai preenchendo nosso tempo, nossa vida, nosso crescer; e desse vazio o sentimento de inutilidade floresça e a descartabilidade se faz algo concreto.
A sabedoria dos mais velhos é o adubo para o crescer, o adolescer e o envelhecer. Talvez por esta sabedoria estar