Introdução ao crack
O crack nasceu nos guetos americanos e se alastrou pelo mundo, principalmente nas grandes cidades. Mas hoje já há relatos de grupos de viciados até em plantações de cana no Brasil. Nas cidades do interior, lugares como rodoviárias e praças centrais tornam-se "filiais" da cracolândia paulistana.
O crack se alastra porque é uma droga barata e mais viciante (e devastadora) que as outras. Já o crack nunca teve o glamour da maconha nos anos 70 e da cocaína nos anos 80, que eram chaves de entrada em certos círculos. A Cracolândia era praticamente seu único habitat, e o crack pelo seu grande poder no ponto de vista do usuário, já que o prazer acontece quase instantaneamente após ser fumado, acabou propagando-se no boca a boca, chegando à classe média.
"Já não existe essa coisa de droga de pobre ou droga de rico uma droga leva à outra. Quem fuma maconha pode passar a fumar crack quando ouve que aquilo vai dar um barato maior."
(Dr. Carlos Salgado, presidente da Abead ).
A dependência da droga deixa o usuário em constante estado de paranoia - ou simplesmente "noia", como eles dizem. Quando o viciado tem o crack, ele fica em alerta para que ninguém tire a droga dele. Quando não a tem, procura desesperadamente formas de conseguir dinheiro para mais algumas "pedras." É aí que surgem os outros crimes ligados ao uso de entorpecente - roubos, furtos, latrocínios, prostituição. Tudo para conseguir a droga.
O crack é barato porque é feito de sobras do refino da cocaína - as pedras resultam da fervura desse material com água e bicarbonato de sódio. Mas o efeito é muito mais devastador que o da cocaína quando aspirada. Em 10 a 15 segundos, os primeiros efeitos do crack são sentidos, enquanto os da cocaína surgem após 10 a 15 minutos. O viciado em crack, porém, precisa de várias doses durante o dia para se satisfazer. "É uma droga mais barata que as outras, mas ela é de ação rápida e, por isso, induz à repetição. É como a nicotina - a pessoa precisa de 20 a 30 doses