Inquisicao de Evora
Sé de Évora. Templo Romano de Évora. Quando olhamos o lugar sagrado da acrópole, ladeado pela massa formidável da Sé e a leveza do Templo Romano, quando abrirmos os olhos num estremecimento ante a grandeza monumental do passado, estamos longe de imaginar o medo, a superstição, a glória assassina e os passos, por vezes de extraordinária grandeza, dos condenados ao último suplício.
A Norte da praça, a Inquisição Velha encostava os seus cárceres ao Templo Romano. Olhava o
Paço do Arcebispo e a Sé. Estendia-se mais tarde a Poente, ocupando casas compradas ao conde da
Vidigueira, ainda hoje marcadas pelas armas do Santo Oficio. A legenda Judca causam tuam circundava a espada e o ramo de oliveira. Em 1636, o arquitecto Mateus do Couto redefiniu o espaço. Uma parte era ocupada pelo palácio inquisitorial, morada individualizada dos três inquisidores; na outra, erguiam-se as duas salas do despacho, os cárceres, os cárceres de vigia, a sala de tortura, não visível na planta mas onde se aplicavam os diferentes tratos, particularmente o do potro e o da polé, e ainda os cárceres da penitência. Restam uma imponente sala do despacho, diferentes espaços reaproveitados, o brasão e outros símbolos, cerca de catorze mil processos, livros de receitas e despesas, correspondência diversa, cadernos do promotor, livros de denúncias.
A Inquisição Portuguesa nasceu legalmente em Évora no ano de 1536, legitimada pelo papa, apadrinhada pelo rei D. João III e pelos infantes seus irmãos que sucessivamente ocuparam a mitra da cidade, o cardeal Afonso e o futuro cardeal e inquisidor-geral D. Henrique. E nesta cidade se organizou o primeiro organismo dirigente, o chamado Conselho das Cousas da Fé, onde pontificava o doutor em Cânones pela Universidade de Salamanca, fundador da Inquisição de Lisboa e futuro arcebispo de Évora, doutor João de Melo. Mas, como tribunal autónomo, a Inquisição de Évora nasce a 5 de Setembro de