Infância - Um Eufemismo das Classes Sociais
Carlos Henrique.
1º Semestre de Jornalismo – Sociologia.
A fase pela qual se nota um processo de formação do indivíduo é definida como infância, desde que se tem como parâmetros básicos a influência de uma das principais instituições sociais, a família. Em respaldo ao que dispõe essa etapa da vida, é importante ressaltar o reflexo de algumas brincadeiras que presenciei e sua simbologia no convívio humano.
Quando criança brincava de “Beyblade”, uma espécie de pião. Através dessa designação é notório o diferencial entre os mais favorecidos e os desfavorecidos. A Beyblade quando comprada em uma loja portava uma arquitetura mais sólida e metálica, além de enfeites básicos como luzes e desenhos que referenciavam um anime da época, tantos artifícios se refletiam no preço exorbitante de um brinquedo. Aos que possuíam o necessário para efetuar a compra eram chamados de “Mestres”. Os mestres tinham casas maiores, pais requisitados no meio profissional, e se vestiam melhor.
A arte do improviso era característica do meu grupo, os “Aprendizes”, as crianças que invejavam o brinquedo supremo do mestre. Fabricar sua própria Beyblade era quase que uma obrigação para interagir com os outros, e entregue a sorte e a fertilidade de uma mente infantil restava aos aprendizes esperar uma embalagem de detergente secar para conseguir uma tampa antes que o caminhão da limpeza urbana levasse embora. No entanto, não bastava somente o conteúdo plástico de uma tampa, a Beyblade de um aprendiz necessitava de mais defesa contra os mestres, sendo assim correr para uma borracharia e recolher peças metálicas que se encaixassem corretamente.
Em meio a faíscas dos choques metálicos nos movimentos espirais, o paradoxo se estabelecia entre mestre e aprendiz, entre ascensão e decadência, entre os bem vestidos e os que faltavam alguma peça de roupa.