Indústria Cultural

676 palavras 3 páginas
A morte da cultura: vida longa à Indústria Cultural
Ao final do século XIX, com uma separação cada vez mais intensa entre as classes sociais, tornou-se imprescindível uma mudança no conceito de cultura para a manutenção do sistema capitalista. Com a ascensão da burguesia, a sociedade rumou para um modelo bipolar, dividido em dois “mundos” distintos: cultura e civilização.
O mundo da cultura dizia respeito à plenitude espiritual, que, segundo os conceitos da época, apenas seria alcançada no futuro. A expressão artística era uma maneira de registrar esse anseio, ilustrando e invocando a felicidade vindoura, a liberdade e a realização de cada indivíduo. Indivíduo que, nessa sociedade, caracterizava-se como o burguês, dono do meio de produção e explorador. A estes sobrava tempo para se aproximar da arte.
Já os trabalhadores viviam o mundo da civilização, explorados diariamente em linhas de produção e montagem. Eram reféns da rotina capitalista e subordinados dos burgueses, presos por muitas horas nos galpões da indústria. A eles, cabia a expressão material: basicamente, a confecção de objetos que teriam valor agregado e interesse de mercado, sendo assim, vendidos como produtos.
Nessa perspectiva, a cultura era uma exclusividade dos burgueses e, portanto, alienada à realidade da “civilização”. Há aqui um rompimento: ao passo que o mundo das ideias não se relaciona com o mundo da produção material, suas existências não convergem. Assim, vem à tona a contraditória manifestação da cultura contra a injustiça e a favor da liberdade, que não correspondia aos ideais burgueses em meio à tamanha efervescência capitalista. Os donos dos meios de trabalho visavam à intensificação da mais-valia com o aumento da produtividade. Quanto maior fosse a exploração, maior seria o lucro.
Com o tempo, o proletariado, distante de quaisquer regalias e sobretudo da cultura em geral, passou a resistir e dificultar o funcionamento do sistema. O modelo capitalista, enfraquecido, buscou então

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