Indicações Para o Estudo da Referenciação do Texto
(UFPR)
Resumo: A lingüística textual se desenvolveu, a partir do estudo da coesão, e da identificação das marcas formais responsáveis pela indicação da correferência. Procura-se neste texto apresentar as limitações da pressuposição de que as marcas coesivas no texto estejam associadas à estabilidade referencial que muitas vezes lhes é atribuída e apontar alternativas de análise.
Palavra-chave: Referenciação; coesão; textualidade. A consolidação da lingüística textual, especialmente nos anos 80, foi associada a tentativas de identificar e classificar as marcas formais e/ou organizacionais responsáveis pela textualidade. Embora esteja presente nos trabalhos pioneiros da área o reconhecimento de que o texto sempre resulta de um processo de interação, as análises o tomam enquanto produto e buscam estudá-lo sem levar em conta as condições que possibilitaram seu surgimento. Esse recorte do objeto levou à observação sistemática de das características formais do texto e à conclusão quase consensual de que sua unidade formal e de sentido são garantidas pela coesão e coerência, apontadas como suas principais propriedades. Houve avanços significativos, desde que se tentou refletir sobre a organização do texto enquanto unidade significativa maior do que a sentença, o que permitiu a sistematização das marcas lingüísticas que estabelecem ligações entre sentenças ou blocos de informações e levou a uma reflexão sobre a macro-estrutura organizacional do texto.
O primeiro aspecto da organização textual tomado como questão para a lingüística de texto foi a coesão, o que se justifica por ser a característica textual que permite um diálogo mais imediato com a tradição de estudo das línguas a partir de suas características formais. O estudo da coesão está associado a uma forma particular de olhar o texto, que procurava constituí-lo como um objeto autônomo em relação ao evento comunicativo no qual