Impactos Sociais da Crise Econômica Internacional e os Desafios do Desenvolvimento
IMPACTOS SOCIAIS DA CRISE ECONÔMICA INTERNACIONAL E OS DESAFIOS DO
DESENVOLVIMENTO: O PAPEL DO ESTADO E DA SOCIEDADE CIVIL
Documento apresentado na Primeira Reunião da Mesa Redonda Brasil-União Européia da Sociedade
Civil, sob responsabilidade do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social brasileiro (CDES) e do
Comitê Econômico e Social Europeu (CESE). Parte integrante do Plano de Ação da Parceria Estratégica
Brasil - UE.
Bruxelas, 7 e 8 de julho de 2009.
1. Contextualização da Crise Financeira Internacional
Há consenso de que o epicentro da crise econômica e financeira que eclodiu no primeiro semestre de
2008 foi os Estados Unidos da América (EUA) e que o processo atinge todas as regiões, demonstrando a interrelação entre as economias no mundo globalizado. E, finalmente, existe concordância de que se trata da maior crise enfrentada pelo capitalismo desde 1929, sem perspectivas claras sobre quando e como teremos um novo ciclo de expansão.
As causas principais da crise remontam ao processo de desregulamentação do sistema financeiro internacional, a partir da hegemonia neoliberal originada nos anos 80 do século passado, que foi responsável pelo enfraquecimento gradativo do Estado de Bem-Estar e dos direitos sociais e a precarização do trabalho nos países centrais e na maioria dos países em desenvolvimento.
A acumulação de capital fictício, apoiada nos déficits fiscais, o consumo baseado na rápida ampliação do crédito e consequente endividamento das famílias, as inovações financeiras, a forte elevação dos preços dos ativos entre outras causas, impuseram uma lógica de rentabilidade insustentável. Ao mesmo tempo em que houve intensa mobilidade de capitais, sob a forma de investimentos diretos, para regiões de menores custos (salários, impostos, crédito e infraestrutura) houve também movimentação de recursos financeiros na direção de mercados desregulamentados e que ofereciam elevados