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Apresentação
Foreword

Uma Complexidade Perplexa: arquitetura e cidade
A PERPLEXING COMPLEXITY:
ARCHITETURE AND CITY
A relação intrínseca entre arquitetura e cidade configura a experiência cotidiana do espaço urbano. A arquitetura, signo do espaço, é parte fixa da cidade, que também congrega a dinâmica dos fluxos. A cidade é o particular, o concreto; o urbano é o geral, abstrato, campo dos planos e das ordenações. Os lugares decorrem dos fluxos, das instabilidades, das ações imprevistas e indeterminadas.1 A singularidade da arquitetura contemporânea está na compreensão da complexidade relacional e dialógica das várias instâncias imprevisíveis que decorrem da vivência da cidade.
Se as reflexões acima se aplicam ao universo da arquitetura e do urbanismo e, conseqüentemente, à cidade como o resultado desse universo, seria necessário realizar exame cuidadoso da produção contemporânea brasileira. Saudosista e nostálgica, nossa arquitetura ainda se apóia nos cânones de sua arquitetura moderna. Apesar dos méritos e do valor da arquitetura moderna no Brasil, sua supervalorização – revelada pela quase totalidade da produção nacional, que a toma como referência, e pela filiação da crítica àquele discurso – aparece como anacrônica e mitificadora. Nesse movimento para trás da arquitetura brasileira, a complexidade das questões contemporâneas não pode ser contemplada, o que impede, de fato, a consolidação de uma arquitetura que se possa considerar contemporânea.
O CÂNONE MODERNO
O moderno está calcado no ideal clássico, cartesiano e ordenado, absoluto. Sua ideologia é regida por leis determinadas. A visão de mundo é linear, centrada e orientada pelos princípios da causalidade e determinação. A partir da segunda metade do século XX, transformações significativas nos campos da ciência, da tecnologia e da arte passa a repercutir, e se desdobram ainda hoje, alterando a visão de mundo calcada nos princípios do racionalismo que tem origem na cultura clássica.
Nos anos 60 são escritos