Iluminismo
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O Iluminismo - Trevas na época das luzes
Introdução
O século XVIII é normalmente apresentado como a época do triunfo da razão. Pegando ao acaso um desses livros de história geral e lendo o tópico Iluminismo, encontramos coisas do tipo: “Os escritores franceses do século XVIII provocaram uma verdadeira revolução intelectual na história do pensamento moderno. Suas idéias caracterizavam-se pela importância que davam à razão: rejeitavam as tradições e procuravam uma explicação racional para todas as coisas.”.[1] Isso não é, entretanto, mais uma simplificação – para não dizer distorção – de manuais de divulgação, mas um reflexo grosseiro do que os principais autores dessa época afirmavam. Voltaire, por exemplo, afirmou que antes de Bacon ninguém conheceu a filosofia experimental. Ao lembrar-se, porém, das grandes descobertas científicas que foram feitas antes de Francis Bacon, apressou-se a declarar: “foi na época da mais estúpida barbárie que essas grandes mudanças foram feitas sobre a Terra: só o acaso produziu quase todas essas invenções e parece que até mesmo o que se chama acaso participou muito da descoberta da América;”.[2]
Em seu panfleto O que é o Iluminismo?, Emmanuel Kant escreveu:
“O iluminismo é a libertação do homem de sua culpável incapacidade. A incapacidade significa a impossibilidade de servir-se de sua inteligência sem o direcionamento de outro. (...) Sapere aude! Tenha o valor de servir-te de tua própria razão! Eis aqui o lema do iluminismo.”[3]
Sabendo disso, não seria muito difícil imaginar como se construiu, com o passar do tempo, a idéia de uma época da razão em oposição à outra de barbárie e de trevas. Como lembra Paolo Rossi, um importante historiador da ciência, basta “ler o Discurso preliminar à grande Enciclopédia dos iluministas ou também o início do Discurso sobre as ciências e sobre as artes de Jean-Jacques Rousseau para ficar ciente de como circulava com força,