Iluminismo

O iluminismo não é uma época ou um movimento, é um ens rationis. É o projeto de uma civilização neomoderna que tem a capacidade de manter o que existe de positivo na modernidade e de corrigir suas patologias. Após examinar os aspectos positivos e negativos da Ilustração, do socialismo e do liberalismo reais, é possível produzir uma ideia iluminista, na qual todos os homens e mulheres, independente de raça, etnia, nação ou cultura, esquecendo por vez a coletividade e pensando apenas em si mesmos, devem alcançar a autonomia intelectual, isto é, o direito de usar a razão, desprendendo-se de mitos e superstições que possam vir seja do âmbito religioso quanto das tradições seculares, para que assim a ciência, a criatividade e o pensamento especulativo possam ser desenvolvidos livremente, o que pressupõe um sistema cultural que dá liberdade de expressão para os indivíduos. Além disso, propõe a autonomia política – direito e capacidade de participar dos processos de decisões do Estado, que por sua vez pressupõe um sistema político possuidor de condições efetivas para o funcionamento da democracia e o respeito aos direitos humanos. Por último, propõe a autonomia econômica que nada mais é do que o direito e capacidade de obter, sem prejudicar o meio ambiente e outras pessoas, os bens e serviços essenciais para o bem-estar próprio, pressupondo um sistema econômico com condições claras de funcionamento dos direitos dos agentes econômicos, respeitando sempre o meio ambiente e os limites do outro indivíduo. Em síntese, a ideia iluminista está pregada em estender a todos, condições reais de autonomia, não importando a esfera. Ela é, na verdade, universalista em sua abrangência, individualizante em seu foco e emancipatória em sua intenção.