III. 5. As leis de Mendel
A teoria de Mendel, ao contrário da de Darwin, foi sempre um exemplo claro e simples da aplicação do método indutivo. Uns experimentos controlados dão lugar a uma interpretação teórica que, dentro do seu contexto é irrefutável. Contudo, há que ter em conta que a interpretação se fez de acordo com os conhecimentos da época.
Há que reconhecer que nunca se pretendeu apresentar a teoria de Mendel ou as leis de Mendel como uma teoria da evolução (pela desnaturalização do significado de evolução), uma vez que a combinação de genes, por si mesma, não produz caracteres diferentes dos originais. Também não ajuda muito a teoria de Darwin o fato de que as leis de Mendel introduziram elementos ou mecanismos da evolução desconhecidos com anterioridade, não é de estranhar que se ignorasse a sua contribuição pela comunidade científica durante 50 anos, um caso difícil de entender se não fosse pela explicação que nos brinda a sociologia da ciência.
Pela dinâmica que imprime à evolução e dadas às múltiplas vantagens da diferenciação sexual, a Teoria Geral da Evolução Condicionada da Vida (TGECV) sim entende a importância das leis de Mendel e, em geral, que a teoria de Mendel realizou uma grande contribuição para a teoria da evolução na sua correta acepção e que mantém a sua vigência com as oportunas correções conceptuais.
A interpretação inicial não coloca nenhum problema, visto que é assumido e atualizado com o avanço geral da ciência, contudo, o que sim pode colocar sérios problemas, é a forma como a teoria de Mendel continua a ser explicada nas escolas. Os conceitos de gene dominante e recessivo das leis de Mendel continuam a explicar-se com uma abordagem um pouco antiga, e claro, onde podem existir certas dificuldades conceptuais, como O que acontece quando dois genes dominantes se juntam? Recorre-se a conceitos como co-dominância; por que na realidade se desconhecem, com caráter geral, os mecanismos genéticos que fazem como que um gene ou pedaço