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4283 palavras 18 páginas
O fim ou desígnio dos homens é a preocupação com a conservação e a garantia de uma vida feliz, o que leva os homens a abandonarem o estado de guerra, conseqüência das paixões humanas. Os pactos não passam de palavras sem força, pois as paixões naturais dos homens (parcialidade, orgulho, vingança) são contrárias às leis da natureza e os faz tenderem ao descumprimento dessas leis. Se não for instituído um poder comum para garantir a segurança dos homens, estes para protegerem-se uns dos outros, só poderão confiar em sua própria força e capacidade.

A humanidade não vive em harmonia social como as demais criaturas vivas por vários motivos: Primeiro, que os homens, constantemente, se envolvem em competição pela honra e pela dignidade, o que não ocorre com essas criaturas; segundo, que entre esses seres não há distinção entre bem comum e bem individual, fazendo o bem individual, acabam promovendo o bem comum, já os homens só encontram a felicidade comparando-se aos demais; terceiro, as criaturas não fazem o uso da razão, não percebendo e nem julgando erros em suas vidas. Quarto, como as criaturas não fazem o uso da linguagem, elas não são influenciadas pelas outras. Já os homens semeiam o que acham bom ou mal entre si; quinto, injúria e dano não são distinguidos pelas criaturas irracionais;sexta, enquanto o acordo vigente entre esses seres é natural, entre os homens surge apenas através de um pacto, isto é, artificialmente, e requer ainda um poder capaz de fazê-lo valer.

A única maneira de se instituir um poder comum é conferindo a um homem, ou a uma assembléia de homens, toda a força e poder, para que possa reduzir as vontades divergentes a uma só vontade. Isto é muito mais que apenas uma permissão ou consentimento, pois é uma unidade real de todos, através de um pacto entre os homens. O consentimento é a concórdia, a permissão ou aceitação comum dos homens em torno de uma decisão a ser tomada ou autorizada. No caso da escolha de um representante que resumisse as

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