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Apresente os aspectos históricos, culturais e morais para a constituição de um racismo na atualidade.O brasileiro Daniel Alves, do Barcelona, respondeu de forma peculiar a uma manifestação racista da torcida do Villarreal no estádio El Madrigal, em partida do Campeonato Espanhol.No segundo tempo, enquanto se preparava para cobrar um escanteio, Daniel Alves se abaixou, pegou uma banana atirada por um torcedor e comeu a fruta.
Muitos se surpreenderam com a agressão da torcida do Mogi ao meia Arouca, do Santos, em março, no dia seguinte à agressão sofrida por um juiz no Rio Grande do Sul. No entanto, desde que o futebol virou uma profissão, lá por 1930, grandes craques negros --um Fausto, um Jaguaré, um Valdemar, um Leônidas, um Zizinho, um Pelé-- e pequenos, cujo número é infinito, foram hostilizados e prejudicados pelo racismo. (...)
O nosso racismo é envergonhado, tanto que alguém acusado de preconceito e discriminação racial se defende dizendo que tem amigos e, às vezes, até parentes negros. Diante de uma ofensa racista, sentimos vergonha pelo ofensor --no fundo, de nós mesmos. Tinga e Arouca são artistas doces e inteligentes da bola, que vergonha por quem os agrediu! Temos racismo em todas as suas formas --o preconceito, mais brando, a discriminação, mais eficaz, o racismo propriamente dito, estrutural, que organizou as nossas relações de trabalho, nossos hábitos, nossa moral pública. (...)
A vergonha de ser racista é que acabou, ou está acabando. Se na Copa pularem feito macacos atirando bananas no campo, dou meu conselho aos jogadores negros. Façam como Daniel Alves esta semana: descasquem as bananas e comam. Essa também é uma tradição brasileira: o que vem a gente traça. No final do processo digestivo, a ofensa se transformará no que verdadeiramente é --aquela "coisa" amarelada.
[Joel Rufino dos Santos, historiador e escritor, na Folha de S. Paulo]
Estereótipo incorrigível
Ao analisar o preconceito, o filósofo italiano Norberto Bobbio deixa