Humanismo
Ao longo do século XII ocorreu uma espécie de reviravolta na produção cultural medieval, verificando-se inovações literárias, arquitetônicas, educacionais e filosóficas tanto no ambiente eclesiástico quanto no laico. Esse movimento ficou conhecido como “Renascimento do século XII”, rótulo esse, no entanto, bastante controvertido, por suscitar paralelismos com o chamado “Renascimento Carolíngio” dos séculos VIII e IX e com o Renascimento italiano do século XV. De fato, para alguns autores, no séc. XII estaria o embrião deste movimento, tendo surgido naquela época, no Norte da França, um “movimento revelador da Antigüidade – o humanismo”. Outros, no entanto, preferem ver no século XII um “movimento cultural” disposto mesmo a superar a Antigüidade.
De um modo ou de outro, floresceu nessa ocasião um interesse pela cultura secular dos antigos, perdendo espaço as tradições clericais da Idade Média, mesmo entre pensadores religiosos. Ou seja, se antes a cena estava dominada por preocupações relativas a Deus, aos poucos os pensadores começaram a se interessar pelo homem. Dessa circunstância é que se extrai a denominação humanismo. Se apenas no Renascimento italiano é que se tornará claro que o homem passou a ser o centro das atenções, o movimento humanista já contava com percussores, como Abelardo, quem, a par da defesa do conceptualismo, ou seja, de que existiriam apenas indivíduos, enquanto as espécies e gêneros seriam concepções que fazem referência ao real, defende uma espécie de moral individualista.
Essa preocupação com o homem e com o individual, a partir de Aristóteles e do conhecimento das investigações de cunho científico dos gregos antigos, reanima os estudos empíricos e a adoção de uma postura livre do dogmatismo com que a Igreja impunha seu domínio sobre os homens. A investigação passa a se orientar, aos poucos, pelos cânones universais do discurso racional ou, em linguagem socrática, a