Ao colocar o humanismo como um dos pontos centrais do Renascimento, muitos entendem que a sua presença estabelece uma ruptura com o pensamento medieval. Durante a Idade Média, a falta de informação e o isolamento teriam sido alguns dos fatores que explicavam a predominância do pensamento religioso. Afinal de contas, sendo a grande detentora de conhecimento da época, a Igreja tinha a capacidade de influenciar no modo de pensar daquela época. Indubitavelmente, não podemos negar que o renascimento trouxe um destaque e um sabor especial à figura humana. O detalhamento e a expressão de sentimentos na pintura, a fabricação de esculturas que tinham por mérito a reprodução minuciosa do corpo e a as investigações médicas interessadas em explorar cuidadosamente a anatomia humana, são apenas alguns dos exemplos que revelam o prestígio que os assuntos de ordem terrena ganharam nessa época. Em vários livros, vemos que essa situação seria a grande marca de uma mudança profunda, onde o pensamento teocêntrico- em que Deus é o centro de tudo- perde espaço para o antropocentrismo, onde o homem se transforma no grande tema artístico, filosófico e cientifico dessa época. Sem dúvida, por meio de tal esquematização, podemos chegar à errônea conclusão de que a religiosidade teria sido minada por um novo tipo de concepção. Na verdade, ao destacarmos o lugar do humanismo na Renascença, devemos frisar que tal transformação não veio necessariamente trabalhar contra a religiosidade. Para muitos renascentistas, o exercício da razão e o interesse pelo homem, exprimiam o forte desejo de investigação sobre a mais privilegiada criatura criada por Deus. Sob tal perspectiva, vemos que o humanismo dessa época não renega a figura divina, mas rejeita a noção medieval em que o homem é considerado inferior, por ser pecaminoso. Além disso, vale destacar que o interesse nas questões e temas humanos não se reserva somente à constituição de um novo contexto experimentado na Idade Moderna. É de suma