Homen e sociedade
Olhar o passado para construir o futuro
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O escritor e jornalista Laurentino Gomes, autor do premiado livro 1808, escreve sobre a importância de se analisar a história do país para desenvolver a Educação
05/02/2009 16:30Texto
Laurentino Gomes
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Quem observasse o Brasil em 1821, às vésperas da Independência, teria fortes razões para duvidar de sua viabilidade como país. Com um imenso território virgem, escassamente povoado, a antiga colônia portuguesa tinha pouco mais de quatro milhões de habitantes. Era uma população analfabeta, pobre e carente de tudo. De cada três brasileiros, um era escravo. Os ricos eram poucos e ignorantes. Os conflitos regionais ameaçavam a unidade nacional. A administração pública era lenta, corrupta e ineficiente. O que mais impressionava era o analfabetismo. Em 1818, ano do primeiro censo populacional do governo do rei D. João VI, só 2,5% dos homens adultos da cidade de São Paulo sabiam ler e escrever, o que significa que provavelmente 99% da população brasileira eram analfabetos. Num cenário assim, como construir um país viável? A surpresa é que, apesar de tudo, o Brasil conseguiu se firmar como nação independente. Hoje, ainda está longe de ser um dos melhores e mais desenvolvidos países do mundo. Mas também não se pode dizer que seja dos piores. O quadro de pobreza, desigualdade social, atraso nas leis, corrupção e ineficiência ainda representa um grande desafio aos brasileiros. Um olhar para o passado, no entanto, permite concluir que as dificuldades já foram muito maiores – e, muitas vezes, quase intransponíveis. Nesses duzentos anos, lutando contra todas as adversidades, os brasileiros conseguiram construir um país grande, integrado, de cultura bem definida, relativamente tolerante do ponto de vista racial, política e religioso. São virtudes que, se bem entendidas e utilizadas, nos ajudarão a construir o futuro. E a história serve para isso mesmo. O