História e identidade presentes na oralidade dos moradores da comunidade remanescente quilombola de pitimandeua

3247 palavras 13 páginas
UFPA

CURSO DE MESTRADO EM LINGUAGENS E SABERES NA AMAZÔNIA

NEIRE AMARAL DE LIMA

História e Identidade presentes na oralidade dos moradores da comunidade remanescente quilombola de Pitimandeua

ORIENTADORES:Prof. Dr. José guilherme dos Santos Fernandes

Prof. Dr. Pedro Petit Penarrocha

BRAGANÇA-PA

2011

1 JUSTIFICATIVA

Localizada no Município de Inhangapi, no nordeste do Pará, a cerca de 90 km da Capital Belém, a comunidade[1] de Pitimandeua, tem como característica possuir uma maioria de população negra. É colônia agrícola que teve suas terras demarcadas, por volta de 1900, e teve que se defender, em parte, das cobiças dos latifundiários locais. “Hoje a população ativa prefere trabalhar na indústria e no comércio de Castanhal”.[2] Com aproximadamente 100 residências construídas em forma de círculo a povoação compõe: uma igreja, um posto médico, uma escola de primeira a quarta série, uma praça (ao centro), uma sede dançante, um campo de futebol e vários igarapés. Segundo relatos de antigos moradores, Pitimandeua[3] se chamava num passado não identificado de “Menino Jesus”. As terras supostamente pertenciam à proprietária Ana Maria da Silva que procedera a doação aos trabalhadores da antiga fazenda do século XIX, provavelmente lócus de trabalho escravista. Com base nas fontes orais é possível deduzir que o mocambo tenha surgido na década de 1880, por se tratar do período imediatamente anterior à abolição da escravatura. Também, o deslocamento dos escravos fugidos de Caraparu para a nova localidade, conforme relatos, coincide com as vésperas da abolição. Não se sabe ao certo a data de sua fundação. O documento mais antigo ao qual tive acesso foi uma certidão de aforamento das terras (ver anexo), emitido pela então Secretaria de Estado de Obras e Terras do Governo do Estado do Pará,

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