História da riqueza na economia cafeeira brasileira: a família Arruda Botelho. 1854-1901
Maria Alice Rosa Ribeiro*
Cristina de Campos**
As primeiras manifestações de uma economia agrário-industrial na capitania de São Paulo datam do final do século XVIII. Tal iniciativa fazia parte do plano de recuperação da economia colonial, engendrado pelo Marquês do Pombal, responsável pela direção do governo metropolitano de Portugal, o qual o Brasil estava subjugado. Em conformidade a este deste projeto, a introdução da cultura da cana-de-açúcar na capitania de São Paulo foi realizada entre as vilas de Itu e Jundiaí. A lavoura da cana-de-açúcar e os engenhos para o seu processamento espalharam-se com facilidade por toda a capitania, provocando a expansão da fronteira agrícola paulista, sendo incorporadas à região de Itu e Jundiaí outras vilas como Mogi Mirim, Piracicaba, Araraquara, Franca e Capivari (RIBEIRO, 2009).
O açúcar se espalhou com facilidade pelo território paulista, tanto que PETRONE (1968) o dividiu em duas regiões produtoras de açúcar: as de “serra acima”, situadas no Vale do Paraíba em direção ao Rio de Janeiro, compreendendo cidades como Guaratinguetá, Mogi das Cruzes, Jacareí, Taubaté e Pindamonhangaba; a segunda região, na divisão da autora, situa as terras do sertão, localizadas no planalto paulista entre os rios Mogi-Guaçu, Piracicaba e Tietê, entre as cidades de Sorocaba, Piracicaba e Jundiaí. Esta área mais tarde se consolidaria como o maior produtor de açúcar paulista, ficando conhecida como o quadrilátero do açúcar (PETRONE, 1968).
Os fazendeiros por trás dessas unidades de produção açucareira foram os primeiros membros definidores da elite paulista ente os séculos XVIII e XIX, composta por senhores de engenho com mais de 40 escravos e proprietários de grandes extensões de terras, dotadas de matas e veios de água suficientes para o cultivo da cana e a fabricação do açúcar (BACELLAR, 1997). O acesso à terra desses senhores de engenho ocorreu