Historie(s) du Cinéma e o cinema de Guy Debord

Historie(s) du Cinéma e o cinema de Guy Debord

“Cada imagem está carregada de história” escreve Giorgio Agamben ao comentar o cinema de
Guy Debord, e para Jean Luc Godard a realidade sempre foi imagem. Em sua série Historie(s) du cinéma, composta por clipes de filmes, fragmentos de diálogos, pinturas, passagens de música clássica e citações de trabalhos da literatura e da crítica de arte, Godard apresenta um grande labor de dedicação pelo cinema, uma intensa retrospectiva audiovisual acumulando as diversas incarnações do cinema, e sua vital interligação com a história do século 20. Um extenso ensaio sobre o cinema pelo cinema; a multimédia história do cinema; e a história interpretada pelo cinema. Vinte anos em concepção, dividido em oito parte, em um total de cinco horas de ensaio, o projecto originou com uma série de leituras que Godard apresentou em Montreal em 1978, e que foram publicadas em 1980 como “Introdução a Verdadeira História do Cinema”. O livro deu nascimento ao projeto para a televisão francesa, e em 1987 Godard apresentou os dois primeiros capítulos Toutes les Histories e Une Histoire Seule em Cannes, e vários anos passaram até mais capítulos aparecerem, incluindo La Monnaie de l’Absolu e Les Signes Parmi Nous, que acabaria por se tornar o capítulo final na completa série.
Assim como o cinema de Guy Debord, a filmografia de Godard, e especialmente a série
Historie(s) du cinéma, apresentam um extenso processo de reflexão audiovisual concebidos á partir de uma montagem pós-cinemática que implicitamente situa o cinema como um arquivo de uma era passada, analisando a experiência histórica feita pela imagem, e uma exploração da história que as imagens carregam, onde a central motivação é de reconhecer um cinema de dentro. Assim como o lugar do “S” no título da série (muitas vezes reescrito e reorganizado na tela, procurando efetivamente exibir os múltiplos dispositivos do cinema, e talvez em uma busca por uma escrita correta, que descreva precisamente