O objetivo deste artigo é analisar as representações do dinheiro em Goiás na primeira metade do século XIX e mais especificamente o que significava ser rico em Goiás, neste período. Estes questionamentos são pertinente ao se analisar o cotidiano da sociedade goiana, cuja situação monetária era de uma escassez crônica de dinheiro, o que empurrava a sociedade para auto-suficiência econômica. Isto deve-se, dentre outros motivos, à crise pela qual Goiás passava. A sociedade goiana passou por uma reconfiguração, na primeira metade do século XIX, na qual consolidou um modelo socioeconômico baseado na agropecuária que marcou todo o século XIX e boa parte de XX. Mas, antes, vamos entender fazer o contexto histórico goiano daquela época. No decorrer do período aurífero, várias vilas e arraiais surgiram em Goiás. Prioritariamente, estas se originaram à medida que se descobriam novas minas auríferas, e algumas outras pelo pouso dos tropeiros. Muitas destas desapareciam com a mesma espontaneidade que se originavam. Já outras destas vilas e arraiais prosperaram, na medida do possível, e se mantiveram e, existem até a atualidade. No limiar do século XIX, a mineração goiana já emitia nítidos sinais de declínio[1]. Boa parte da população tinha por fundamental motivo permanecer em Goiás pelo ouro, pelo sonho de se enriquecer facilmente, eram típicos aventureiros[2]. Dessa forma, com a progressiva diminuição da lucratividade das minas auríferas, muitas pessoas vão-se retirando dos núcleos urbanos. Goiás, então, ia-se reconfigurando. Na primeira metade do século XIX a mineração era praticamente extinta (se não totalmente). A capitania goiana passou por uma reorientação sócio-econômica, agora, baseada na agropecuária. A população se ruraliza e consolida uma economia baseada na subsistência. Justamente nesse contexto de mudança de valores e hábitos foi que os viajantes europeus passaram pelo sertão goiano. A Europa neste período