Historia das coisas
GOIANIA-2010
Engraçado que ao assistir "a história das coisas" não pude deixar de pensar em quantas vezes eu me sinto apenas mais uma coisa, e não pessoa. Mais uma prodzindo e consumindo sapatos de variados saltos.
O video é excelente para começar a despertar a curiosidade nas pessoas e o desejo de questionar nosso modo de vida.
São 20 minutos de uma bem-fundamentada, acessível e cuidadosa explicação dos motivos básicos pelos quais é possível dizer que vivemos num morto-vivo tóxico que gira sobre o próprio eixo e ao redor do sol. Um planeta condenado mesmo. Enquanto a natureza opera através de ciclos (desde a respiração até a dinâmica do plantio e da colheita), o capitalismo tende a resolver inclusive suas crises por meio do estímulo e da intensificação do consumo. Como bem resume a mocinha do filme, é a publicidade quem funda a sociedade americana moderna, a publicidade que mostra mercadorias estrategicamente construídas pra durar apenas o suficiente para renovar a fé no consumo.
Não é difícil perceber o caráter totalizante da economia de mercado. Basta pensar que ela devora esferas aparentemente alheias à economia, como a educação (do primário ao vestibular, da graduação às pós-graduações da vida, toda a genealogia do aprendizado é organizada para culminar no famigerado Mercado de Trabalho) e a família (o que significa se tornar ‘independente dos pais’ senão ganhar a própria Grana, comprar o próprio carro, enfim, ser responsável por seu próprio consumo?).
No meio disso tudo, a ideologia do cinismo tem dado um cacete certeiro no pensamento utópico , covardemente caricaturizado como ‘idealismo’, e a ecologia virou sinônimo de ong ou coisa de viajandão, completamente destacada da esfera à qual pertence: a vida cotidiana.
O pequeno triunfo do documentário é que se trata da apresentação de uma proposta, da divulgação de uma prática possível, de economia responsável e sustentável. Se não servir pra mais