Autores da literatura ifantil
Simone Cavalcante
Há muitos obstáculos a transpor para que o livro se torne um artigo de fácil acesso, de presença constante na realidade da maioria das pessoas, tomando lugar na mesa do café, na cabeceira da cama, ou na prateleira da estante; atraindo o olhar para as vitrines das livrarias e dos sebos; ou motivando uma descontraída visita a biblioteca. Mas seria possível sonhar com um país de leitores?
Cada vez que alguém abre um livro, uma janela se abre nessa direção. Daí a importância de tornar a leitura um hábito presente no cotidiano de casa e sala de aula. Em contato com textos infantis e infanto-juvenis, as crianças e os jovens descobrem outros mundos abertos ao lúdico, à imaginação e à consciência de mundo. Os livros os transportam para reinos encantados e desencantados, onde podem habitar por alguns momentos e, dessa estada, experimentar as mais variadas sensações.
O texto literário possui, além do valor estético, outras dimensões abertas à exploração de cada leitor. O livro infantil, em especial, tem o privilégio de conter duas espécies de narrativa – a textual e a imagética – o que acentua seu potencial de exploração. É possível contar e recontar o enredo por diferentes trilhas sem a perda do elemento surpresa e das possibilidades de interpretação.
Monteiro Lobato, revolucionário
Mas ainda hoje, mesmo com seus desdobramentos, a literatura infantil sofre uma espécie de preconceito, sendo por vezes considerada uma escrita menor por alguns teóricos desavisados. Caminhando na contramão, esse segmento continua dando grandes saltos, tanto nos aspectos da autoria, riqueza textual e recepção – com o aparecimento de mais profissionais no mercado e a conquista de um maior número de leitores –, bem como no avanço de técnicas de produção (pop-ups, scanimations, recursos sonoros) capazes de atrair até mesmo os olhares e ouvidos daqueles mais distraídos.
No Brasil, quando se fala em livro infantil, salta do senso comum a