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Apontamentos para análise posterior- Linhares/Cultura ­­­ ­­

Linhares vive um momento ímpar na sua história. De um lado a violência que faz a cidade figurar entre as mais violentas do país. Ano a ano os números estatísticos só aumentam. Assassinatos por motivos torpes, violência contra mulher, roubos, tráfico de drogas. Do outro, o mundo encantado do desenvolvimento. Todos os dias novos negócios são fechados, somos a cidade mais promissora do Estado, investidores enxergam possibilidades de ganho em cada esquina, os incentivos fiscais são atraentes, o futuro é um horizonte próspero. Na esteira desse desenvolvimento, chegam ofertas de novos serviços, shopping, modelos de vida, novas aspirações. Convivi durantes anos com colegas, conhecidos, que sonhavam em poder comer um Big Mac, ou coisa que o valha, em Linhares. Como se isso fosse o símbolo de uma cidade grande, logo, uma cidade boa de morar. Esses devem estar em estase. Ou não, podem estar pensando em como criticar agora, como infelizmente é costume por essas bandas de cá.
Pouco importa que o traçado da cidade não comporte, que não haja mais vagas para estacionar, que poluam rios, pois que venha o progresso! O time de futebol vive às minguas sem apoio, sem patrocínio e onde estão as empresas e indústrias nessa hora? Se no futebol, paixão nacional, é assim, nem precisa falar do apoio aos outros esportes. Cadê o retorno social? Vez ou outra alguma empresa, ela mesmo poluidora, promove alguma ação ecológica, mais por desencargo de consciência que qualquer outra coisa, penso eu.
No meio desse cenário , o que mais me inquieta e sinto falta é outra coisa, não é o shopping e o Mcdonalds , que meus colegas com suas razões ansiavam. Me interessa é saber, onde raios se esconde a nossa identidade, enquanto povo habitante de um lugar, enquanto sociedade? Qual é a nossa cultura, se temos, o que nos representa? Conheço linharense, muitos, que não sabem o que é Congo, Folia de Reis, expressões materiais do nosso folclore.