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Uma questão sempre formulada a respeito dos Contos de Fadas é referente a como eles se tornaram clássicos e se perpetuam até hoje, uma vez que a narrativa acontece tão distante da maioria das crianças e de suas realidades vivenciais visto que não é comum encontrar palácios e grandes florestas nas cidades, assim como “finais felizes” para todas as histórias.
Arriscaria dizer que, muito provavelmente, são essas características que lhe permitem transitar pelo mundo infantil com tanta espontaneidade.
Os contos trazem conflitos pertinentes à vivência humana que permeiam diversas gerações.
Eles trabalham com o conteúdo humano, com aquilo que muitas vezes fica escondido, como, por exemplo, a rivalidade fraterna e as sensações edípicas. Falam de perdas, conflitos existenciais e, desta forma, acabam por mostrar às crianças que a vida trará algumas dificuldades. A luta e a descoberta não acontecem da noite para o dia. O herói ou a heroína passam por diversas provas e essas devem ser realizadas por eles mesmos.
“A única forma de nos tornarmos nós mesmos é através de nossas próprias realizações”
(Bettelheim, 1980, p.173)
Na sociedade actual, globalizada, cada vez mais individualista, o mágico esvai-se prematuramente. As dúvidas e as angústias por que passam crianças e jovens são hoje respondidas de forma erotizada pelos meios de comunicação, especialmente a televisão.
A magia da leitura e da escuta dos contos de fadas, mesmo não sendo a solução dos problemas mundiais, actua no inconsciente e pode ajudar muito a criança a eliminar e/ou entender os conflitos pelos quais está a