Gênero
Larissa Kelly de O. M. Tibúrcio (DEF/ GEPEC/ UFRN)
TIBÚRCIO, Larissa Kelly de Oliveira Marques. Relações de gênero na educação física escolar: breves inscursões in: PAIDÉIA: Revista Brasileira de Ensino de Arte e Educação Física, 2008.
INTRODUÇÃO
Falar de gênero na Educação Física Escolar é falar numa primeira instância dos corpos daqueles educandos e educandas que a vivenciam como componente curricular nas aulas propostas nesse espaço educativo. È no corpo que as relações de gênero são engendradas. Mas quem são esses corpos que falamos? Poderíamos dizer que, de uma maneira ainda hegemônica, principalmente quando nos reportamos para o III e IV ciclo do ensino fundamental, são corpos intensamente “silenciosos e silenciados”, que se presentificam nas aulas de Educação Física. Corpos que muitas vezes são anulados nos seus desejos, corpos a-históricos, assexuados, corpos naturalizados num determinismo biológico, que tenta classificar e definir taxativamente os modos de ser e os espaços sociais que meninos e meninas podem ocupar nas diversas práticas corporais oferecidas pela escola, como os diferentes esportes, as danças, os jogos, as lutas, as ginásticas, dentre outras. A conformação de uma identidade feminina e/ou masculina construída com base em aspectos naturalizados do tipo: homem é forte, não chora; mulher é sensível, frágil, só para citar um exemplo, institui hierarquias e opõe as relações entre homens e mulheres, entre as próprias mulheres ou entre os próprios homens. Esse é um cenário bastante atual, com o qual nos deparamos em muitas práticas sociais e especificamente, em muitas das nossas aulas de Educação Física por esse Brasil a fora.
Como poderíamos propor alguns apontamentos que possam redimensionar a trajetória das relações de gênero, reinscrevendo-as no âmbito das construções sócio-histórico-culturais, considerando que persiste fortemente na nossa área uma cultura