Gênero feminino e propaganda de automóvel: uma análise dos discursos dos anos 70 e da modernidade
Nosso trabalho tem como objetivo analisar o discurso do anúncio publicitário do automóvel Ford marca Corcel GT, veiculado no ano de 1971. Far-se-á um paralelo entre este e o discurso de outro anúncio veiculado em 2009, o do automóvel Volkswagen marca Gol modelo 2010. Dessa forma, procuraremos entender o funcionamento desses discursos e de qual posição os sujeitos se inscrevem. Além disso, tencionamos compreender a maneira como os diferentes sentidos evocam a memória discursiva nos textos publicitários e quais as condições de produção do discurso em que o público produtor e consumidor estão inseridos. Pretendemos analisar também o emprego discursivo que naturaliza o apelo ao consumo e as diferenças de gênero. Somos sabedores de que, como defende Bakhtin, “a palavra serve como indicador das mudanças.” (1986, p.2) e que,
a palavra veicula, de maneira privilegiada,a ideologia; a ideologia é uma superestrutura, as transformações sociais da base refletem-se na ideologia e, portanto, na língua que as veicula. (ibid)
Assim, ao analisarmos o discurso nos textos mencionados acima, intencionamos responder, ao longo deste artigo, os seguintes questionamentos: a ideologia discriminatória e sexista dos anos 70 ainda persiste? O que mudou?
1. Percurso Teórico
Adotaremos, para a execução do nosso trabalho, a Análise do Discurso (AD) da linha francesa de Michel Pêcheux, surgida no final da década de 60 do século passado. Assim, os dispositivos teóricos da AD que iremos abordar nesse trabalho são: condições de produção, formações ideológicas, formações discursivas e interdiscurso. Vejamos, de maneira breve, cada um deles.
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Mestranda da Ufal e bolsista CAPES.
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1.1 Condições de Produção
As condições de produção são divididas em amplas e estritas. As primeiras incluem o contexto