Gutschmidt - Immanuel Kant e o individualismo normativo

Immanuel Kant e o Individualismo Normativo: um ensaio

1. Introdução

Em seu livro Ética Normativa, publicado em 2010, Dietmar von der Pfordetn faz uma série de considerações sobre a ética de Immanuel Kant e sua relação com Individualismo Normativo. Com isso, von der Pfordten deixa transparecer que ele classifica a própria ética transcendental de Kant entre as éticas normativo-individualistas. No entanto, também a crítica várias vezes, como, por exemplo, quanto ao caráter “metafísico” de alguns pressupostos fundamentais de Kant ou quanto à “limitação” do imperativo categórico como um “princípio ético de ponderação”. Portanto, se queremos falar da versão kantiana do individualismo normativo e de uma versão, tal como desenvolvida na Ética Normativa de von der Pfordten, não podemos, ao mesmo tempo, ignorar a tensa relação que existe entre ambas as versões. É certo que o exame dessas “tensões” não é necessariamente relevante para a compreensão de cada uma das teorias de forma isolada. No entanto, ele pode ser útil para compreender como isso vêm à tona na análise de von der Pfordten não só sobre a ética de Kant, por ele mesmo explicitada, mas também sobre o utilitarismo ou a ética das virtudes.
Uma tal análise será também intentada a seguir. Ela se dá, porém, não tanto a partir da perspectiva da Ética Normativa, mas antes a partir da perspectiva dos escritos sobre ética de Immanuel Kant. Seu objetivo consiste num mútuo esclarecimento de ambas as teorias. Além disso, ela deve esclarecer em que sentido a ética de Immanuel Kant ainda pode pretender uma certa atualidade e relevância. Não poderei, entretanto, fazer um juízo definitivo a este respeito, pois, primeiramente, não sou filósofo prático e, em segundo lugar, nenhuma das grandes propostas apresentadas até agora me pareceram inteiramente satisfatórias. No entanto, espero, por meio do contraste – e isso significa, em última análise, por meio do diálogo -, poder aguçar a compreensão de elementos decisivos da